Papa-Capim não é um personagem que estrela seu próprio gibi no universo de Mauricio de Sousa – suas histórias ficam “hospedadas” na revista Chico Bento. Mas é um dos mais antigos – estreou nos jornais em 1963, mesmo ano da Mônica. Sua popularidade é posta à prova na 11ª edição da série Graphic MSP: Papa-Capim – Noite Branca.
No processo de releitura dos personagens de Mauricio para as graphics alguns autores buscam não perder muito de vista a referência original e outros arriscam uma maior independência. O Papa-Capim é um desses que aspira maior liberdade.
A matéria-prima ajuda. As histórias do Papa-Capim contam com o protagonista, a namoradinha Jurema e o amigo Cafuné. Os demais, por décadas, não eram fixos ou se tratavam, por exemplo, de um pajé genérico sem compromisso em, por exemplo, manter a mesma aparência.
O roteiro de Marcela Godoy continua dando o protagonismo para o trio, mas aproveita para enriquecer relações, buscando uma abordagem realista na caracterização do ambiente indígena. Nisso, tem um parceiro e tanto no traço de Renato Guedes.
A trama ousa ao seguir por um rumo incomum para as histórias geralmente inofensivas e politicamente corretas do indiozinho: é uma HQ de terror, na qual uma ameaça misteriosa pode destruir a aldeia e os jovens não têm a confiança dos adultos para tentar resolver a questão.
“PAPA-CAPIM – NOITE BRANCA”
De Marcela Godoy (roteiro) e Renato Guedes (desenhos)
Editora: Panini
Páginas: 80
Formato: 15 x 27,5 cm
Preço: R$ 32,90 (capa dura) e R$ 22,90 (capa cartonada)