A emoção e a razão muitas vezes são tratadas como excludentes no cinema. Há os filmes que se esforçam para envolver o espectador e evitam pensar sobre qualquer coisa mais profunda e não faltam aqueles que abordam situações de maneira cerebral, mas evitam o drama como o diabo. Que Horas Ela Volta? (2015) não sofre com isso: é ao mesmo tempo um drama humano de largo alcance e um filme que pensa muito o Brasil a partir de sua metáfora.
Para começar, é uma história de mães. De início, a de Val (Regina Casé, em grande atuação), uma babá e empregada nordestina que viva há anos na casa dos patrões ricos paulistanos. O suficiente para ter visto o garoto da casa crescer e ter com ele uma relação mãe-e-filho mais do que o rapaz tem com a própria mãe (Karine Teles).
Mas ela tem sua própria filha, Jessica (Camila Márdila), que deixou em Pernambuco para ser criada por parentes. Jessica, que a chama de Val (não de mãe), tem a primeira decepção ao descobrir que a mãe não mora em sua própria casa.
Sem os anos de subserviência e renúncia pessoal que a mãe teve, ela aproveita as chances de transitar livremente pela casa, coisa que a mãe sempre evitou fazer por “conhecer o seu lugar”. Está no limite da independência e do oportunismo.
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