Um incêndio, quando não deixa mortos ou hospitalizados, pode deixar feridas profundas ao levar consigo as memórias de uma vida inteira.
A protagonista de Exilados do Vulcão, primeiro longa-metragem de ficção da cineasta Paula Gaitán, descobre isso ao conseguir salvar uma pilha de fotografias e um diário das chamas, as únicas lembranças restantes do homem que um dia ela conheceu e amou.
A partir desse material, ela passa a reconstituir mentalmente os eventos, que acabam se tornando parte de sua vida.
Alvo de discórdia entre críticos, o filme é aclamado por alguns e execrado por outros. Apesar disso, sagrou-se campeão da mostra competitiva do 46° Festival de Brasília, em 2013, recebendo o troféu Candango de melhor filme. O resultado, no entanto, causou espanto em boa parte da crítica presente na plateia do festival.
Com mais de duas horas de duração, o filme não tem diálogos, apresentando apenas algumas narrações em off que explicam o estado psicológico da personagem.
O crítico Robledo Milani, criador do portal Papo de Cinema, lembra que o filme é levemente inspirado no romance Sobre a Neblina, de Christiane Tassis, embora enquanto linguagem pouco se aproxime da literatura. "Sua maior proximidade é com o formato videoarte – arte já experimentada por Gaitán anteriormente – em que a necessidade de provocar emoções primárias é mais forte do que a reflexão profunda e o estabelecimento de uma comunicação efetiva", critica.
No entanto, o crítico Carlos Alberto de Mattos defende que a produção se trata de uma experiência imersiva.
"Exilados do Vulcão pode provocar rejeição por quem não curta os contornos muito fluidos da história. É filme para ser visto como se lê um poema, entregando-se à sonoridade das imagens e à visualidade dos sons", pondera.
“Exilados do Vulcão”
Brasil, 2016
Direção: Paula Gaitán. Elenco: Vicenzo Amato, Clara Choveaux, Bruno Cezarlo
Em cartaz em João Pessoa. Próximas sessões: sab.: 16h; dom.: 18h; seg.: 20h30; ter.: 20h30