Vem aí. Cannes premiou com a Palma de Ouro um combativo filme britânico; saiba mais sobre ele e os outros vencedores do principal festival de cinema do mundo
Há muitos anos uma premiação em Cannes não causava tanta polêmica. Ao menos entre os críticos de cinema e jornalistas que descascaram o júri presidido por George Miller (diretor da série Mad Max) ao verem os filmes apontados como favoritos durante a semana ficarem pelo caminho na premiação.
Entre eles está o brasileiro Aquarius, de Kléber Mendonça Filho, muito elogiado pela imprensa internacional. Bem cotada para o prêmio de melhor atriz, Sonia Braga perdeu para a filipina Jaclyn Jose, que derrotou outra favorita de peso: a francesa Isabelle Huppert.
Na coletiva do júri, após a premiação, os intergrantes foram recebido com vaias. A Palma de Ouro para o filme de Ken Loach não foi tão contestada, mas os prêmios de Juste la Fin du Monde e Personal Shopper não foram entendidos e nem perdoados.
Miller e outros membros do júri relataram que as discussões foram difíceis e exaustivas (dando a entender que houve desavenças), mas se recusaram a comentar os filmes não premiados.
I, daniel blake, de Ken Loach
Palma de Ouro
Esta foi a segunda Palma de Ouro vencida por Ken Loach, diretor inglês de esquerdaque mais uma vez fez uma denúncia de uma sociedade opressiva.
Seu I, Daniel Blake conta a história de um marceneiro que sofre um ataque do coração e, a partir daí, tem que lutar contra a burocracia para conseguir um benefício do governo. Ao mesmo tempo, se envolve com a mãe de duas filhas às voltas com um problema de moradia.
“A União Europeia está incorporando o neoliberalismo. É só ver a maneira como estão humilhando os gregos. Das milhões de pessoas que passam por dificuldades, você escolhe uma história, e espera que as pessoas conectem com ela”, criticou, após o prêmio.
Loach venceu pela primeira vez em 2006 com Ventos da Liberdade, sobre a guerra pela independência da Irlanda.
Juste la fin du Monde, de Xavier Dolan
Grande Prêmio do Júri
O diretor canadense teve um dos prêmios mais criticados do festival. Sua trama é a de um escritor próximo da morte que volta à sua cidade natal.
O filme tem co-produção com a França e, no elenco, Marion Cotillard, Vincent Cassel, Léa Seydoux e Nathalie Baye. O escritor é vivido por Gaspard Ulliel.
Personal Shopper, de Olivier Assayas
Direção
Vaiado em sua exibição para a imprensa, o filme que tem Kristin Stewart como protagonista é uma história de fantasmas que se passa no submundo da moda de Paris.
A jovem tem diversos problemas: odeia o trabalho, perde o irmão, vê fantasmas, se envolve em um assassinato. Apesar de Kristin encabelando o elenco, a produção é francesa.
Bacalaureat, de Cristian Mungiu
Direção
O diretor romeno dividiu o prêmio de direção com Olivier Assayas. Seu filme tem um pai que tem a filha atacada às vésperas de um exame que vai definir o futuro dela.
Para resolver o problema, ele terá que ir contra tudo o que ensinou a ela. O diretor é o mesmo do excelente 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, Palma de Ouro em 2007.
ma’rosa, de Brillante Mendoza
Atriz para Jadyn Jose
A antes desconhecida Jaclyn é Rosa, a matriarca de uma família em uma zona pobre da capital da Filipinas. Quando ela é presa junto com o marido, um pequeno traficante de drogas, os dois precisam lidar com os policiaias corruptos que querem extorqui-los.
O filipino Mendoza já foi melhor diretor em Cannes com Kinatay, em 2009.
Forushande, de Asghar Farhadi
Ator para Shahab Hosseini e Roteiro
O diretor iraniano de A Separação (2011) teve dois prêmios para seu filme (co-produção entre Irã e França).
Batizado em inglês de The Salesman, conta a história de um casal de Teerã que passa por mudanças durante sua performance de Morte de um Caixeiro Viajante. Hosseini é o revoltado marido da cuidadora em A Separação.
American Honey, de Andrea Arnold
Prêmio do Júri
A diretora britânica mostra uma adolescente em uma viagem de autodescoberta pelo meio-oeste americano com um bando de desajustados.
A protagonista é a estreante Sasha Lane e Shia LaBeouf também está no elenco. A diretora já ganhou um Oscar: melhor curta de 2003, por Wasp.
divines, de Uda Benyamina
Camera D'or
A mostra paralela dedicada a diretores estreantes foi para a produção francesa sobre uma mulher que começa a se envolver com o mundo das drogas.
Dounia (Oulaya Amamra) é essa mulher que faz o que pode e o que for preciso para ganhar dinheiro na periferia. Segundo a crítica francesa, um filme com tom político e feminista.
toni erdmann, de Maren Ade
Prêmio Fipresci
O prêmio da crítica foi para a comédia alemã sobre um pai que tenta se reconectar com sua filha já adulta. Os dois têm um reencontro inesperado em Bucareste, capital da Romênia.
Foi o primeiro filme alemão a competir em Cannes em oito anos e era um dos favoritos à Palma de Ouro, mas acabou ignorado pelo júri oficial do festival.