Fundamentos da Concordância verbal
Dominar a Concordância Verbal é fundamental para o dia a dia e para quem vai encarar o qualquer concurso público; não é à toa que já publicamos diversos artigos sobre ele, mas os leitores nos cobram, com frequência, novas abordagens:
Em relação à concordância verbal, é preciso observar, com maior cuidado, os seguintes pontos:
1. Regra geral
O verbo concorda com o núcleo do sujeito. Cuidado com construções na ordem inversa e construções com núcleo do sujeito no singular + expressão no plural (tipo de questão preferido das comissões elaboradoras).
Ex.:
Existem nas rodoviárias e nas imediações dela muitas crianças se prostituindo.
Ordem direta:
Muitas crianças se prostituindo existem na rodoviária e nas imediações dela.
Observe que o verbo (existem) concordou com o núcleo do sujeito (crianças).
A palavra daqueles políticos nem sempre valia alguma coisa.
Observe que o núcleo do sujeito (palavra) está no singular; o verbo (valia) tem que ficar, portanto, no singular.
2. Verbo na 3ª pessoa, acompanhado do pronome SE (esse tipo de questão aparece em 90% dos concursos. É bom, então, prestar bem atenção).
Verbo transitivo direto + SE + ..........................
O verbo concorda com o elemento (pontilhado) que acompanha o SE (= sujeito).
Assinou-se o documento, imediatamente.
sujeito
Assinaram-se os documentos, imediatamente.
sujeito
Cuidado, porque os elaboradores costumam conjugar duas regras ou mais numa só questão.
Não se concederia a fiança àquele acusado.
Não se concederiam fianças àqueles acusados.
O sujeito, aí, não veio imediatamente após o SE, porque a expressão negativa (não) atraiu o pronome SE.
Numa questão desse tipo, poder-se-iam pedir duas regras: de concordância e de colocação pronominal. E o elaborador ainda poderia cobrar a regra da crase, em relação ao pronome aquele.
Verbo transitivo indireto (ou intransitivo) + SE + ................................
O verbo só fica no singular.
Desconfiou-se da palavra dela.
Desconfiou-se das palavras dele.
3. Verbo haver
O verbo haver, no sentido de existir, só fica na 3ª pessoa do singular; jamais em outra:
Houve (e não, houveram) momentos tristes na partida dela.
ATENÇÃO!
Em qualquer outro sentido, o verbo haver flexiona normalmente.
O diretor houve por bem não suspender os alunos.
Os diretores do clube houveram por bem não suspender o atleta.
4. Verbo fazer
O verbo fazer, no sentido de tempo, só fica na 3ª pessoa do singular; jamais em outra.
Faz dez dias da morte do famoso cantor.
Atenção!
Na frase: As garotas fizeram quinze anos no mesmo dia, fazer está no sentido de completar, e não de tempo decorrido (= As garotas completaram quinze anos ...).
5. Concordância do sujeito composto
a) sujeito composto antes do verbo: verbo no plural:
A modelo e seus dois empresários estiveram no local do desfile.
b) sujeito composto depois do verbo. Duas hipóteses:
b1. Verbo no plural:
Estiveram no local a modelo e dois empresários.
b2. Verbo concordando com o núcleo mais próximo (note que não é no singular ou no plural):
Esteve no local a modelo e dois empresários.
(modelo = núcleo mais próximo)
Estiveram no local dois empresários e a modelo.
(dois empresários = núcleo mais próximo).
6. Percentuais
Até dois por cento, verbo no singular; acima disso, verbo no plural:
Um e meio por cento dos estudantes zerou a prova.
Dois por cento dos estudantes zeraram a prova.
7. Cerca de, mais de + numeral + verbo
O verbo concorda com o numeral:
Mais de um aluno respondeu às indagações do professor.
Mais de dois alunos responderam às indagações do professor.
Obs.:
Com a expressão mais de um, se a frase der ideia de reciprocidade, o verbo ficará no plural.
Mais de um político se cumprimentavam em plenário.
8. A maioria de, a maior parte de + expressão no plural
Verbo fica no singular ou no plural:
A maior parte dos alunos esteve envolvida na disputa.
A maior parte dos alunos estiveram envolvidos na disputa.
*A coluna do professor João Trindade também pode ser encontrada na edição deste domingo do Jornal Correio da Paraíba em sua versão impressa.